Abram alas!
Saiam do caminho! Partam! O cortejo vem chegando! Rufam os tambores! Ressoam os
bumbos! Agitam-se os chocalhos! Dois castrati anunciam no mais agudo de suas
possibilidades a chegada da Comitiva. Escondam-se abutres! Corram para suas
tocas onde tudo é vergonha! Escondam-se muito bem, adoradores do escombro!
Corram para trás de seus armários fétidos onde cada teia de aranhas
maltrapilhas traz a assinatura da intolerância. Escondam-se de uma vez,
amedrontados do próprio umbigo, pois os bumbos e todos os ventos que sopram dos
quatro cantos do mundo chamado Mistério anunciam a fulgurante, a inebriante e
Real chegada da
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
domingo, 28 de dezembro de 2014
[Um certo natal]
Estávamos terminando de servir o jantar de natal. Batem na porta com certa violência. Era o Papai Noel. Chegou todo suado, ofegante, e foi logo sentando a mesa sem esperar ser convidado. Sem cerimônias seu Noel devorou um prato cheio das delícias. Bastou um copo de vinho tinto argentino para o gordinho desatar a chorar. Disse que estava cansado de ter essa obrigação de fazer as pessoas felizes, que estava fora de forma, e que no Brasil nem chaminés adequadas existiam para ele. Reclamou também do trenó, que está precisando de uma revisão e até das renas, que segundo ele comem demais. Tentamos consolar o seu Santa Claus, dizendo que não está fácil para ninguém e que talvez fosse interessante ele tentar alguma terapia em 2015, afinal de contas, o ano novo tá chegando! Perto da meia-noite, ele disse que tinha que se retirar, ainda tinha muitos pacotes para entregar. Então, peguei minha bike velha e dei de presente para o bom velhinho. Ele chorou novamente, mas agora de alegria. Me agradeceu com um forte abraço, dizendo que nunca havia ganhado um presente. Mal levantamos da mesa do jantar para irmos até a varanda e cadê o Papai Noel? Só deu tempo de olhar pela janela e vê-lo pedalando feliz pelas ruas, parecia uma criança na bicicleta. Mas antes disso ele deixou o trenó perto de um poste e soltou as renas que corriam livres por um jardim próximo.
Depois disso tudo, eu e minha família fomos até a árvore para trocarmos os presentes e lá encontramos um bilhete do Seu Noel, que dizia o seguinte: “Nesse natal não quero camisa nova, sapato novo, calça nova. Nesse natal quero alma nova, mas tão nova que transfigure-se a cada pulsão de meu coração. Quero uma alma tão nova que seja como criança-cristo na manjedoura, trazendo em seu sorriso uma alegria constante de Vida.”
Caminhos espirituais e pé no chão!
Muitas pessoas, ao adentrarem os chamados "caminhos espirituais",
se fecham para a realidade tangível do mundo e acabam insensíveis
às pessoas e aos eventos do dia a dia. Evidentemente que isso é um
equívoco, uma compreensão tosca da espiritualidade. Sobre isso,
encontramos as serenas palavras do Mestre Wu Jyh Cherng que no seu
Meditação Taoísta nos exorta: "Se a pessoa está buscando silêncio
interior e durante a busca se torna um ser insensível, que não
manifesta pensamentos ou emoções e reage com 'olhares perdidos' a
uma solicitação externa, regrediu no Caminho. Em vez de mais
inteligente, tornou-se vegetativo. Mestre Mä ensina que um mestre
iluminado taoísta adota no mundo comportamento compatível com o das
pessoas comuns. Ele pensa e sente como todos os seres humanos à sua
volta; a única diferença é que seus pensamentos estarão sempre em
estado de retidão, equilíbrio e harmonia. (...) Exatamente devido a
essa integração, o mestre iluminado jamais se tornará insensível."
Por isso temos ojeriza por certos grupos "espirituais" que se acham "iluminados"
e que vivem como moscas em torno de "gurus" como se especiais fossem,
numa espiritualidade que pouco tem de orgânica e vivencial, onde
numa espiritualidade que pouco tem de orgânica e vivencial, onde
geralmente a única luz tênue que exalam é a dos próprios egos.
Graças infinitas damos ao Senhor da Vida que em nossa trajetória espiritual,
tem nos colocado à prova constantemente nos permitindo trilhar por sendas
e escolas espirituais onde a experiência direta com o transcendental
(mediunidade, projeção astral, expansão da consciência) deve estar em diálogo
constante com a realidade mais próxima.
e escolas espirituais onde a experiência direta com o transcendental
(mediunidade, projeção astral, expansão da consciência) deve estar em diálogo
constante com a realidade mais próxima.
Olhei para o alto e vi o desenho de uma chave para a porta do céu, nesta chave
estava escrita em letras douradas a palavra: SIMPLICIDADE
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