domingo, 28 de dezembro de 2014

[Um certo natal]

Estávamos terminando de servir o jantar de natal. Batem na porta com certa violência. Era o Papai Noel. Chegou todo suado, ofegante, e foi logo sentando a mesa sem esperar ser convidado. Sem cerimônias seu Noel devorou um prato cheio das delícias. Bastou um copo de vinho tinto argentino para o gordinho desatar a chorar. Disse que estava cansado de ter essa obrigação de fazer as pessoas felizes, que estava fora de forma, e que no Brasil nem chaminés adequadas existiam para ele. Reclamou também do trenó, que está precisando de uma revisão e até das renas, que segundo ele comem demais. Tentamos consolar o seu Santa Claus, dizendo que não está fácil para ninguém e que talvez fosse interessante ele tentar alguma terapia em 2015, afinal de contas, o ano novo tá chegando! Perto da meia-noite, ele disse que tinha que se retirar, ainda tinha muitos pacotes para entregar. Então, peguei minha bike velha e dei de presente para o bom velhinho. Ele chorou novamente, mas agora de alegria. Me agradeceu com um forte abraço, dizendo que nunca havia ganhado um presente. Mal levantamos da mesa do jantar para irmos até a varanda e cadê o Papai Noel? Só deu tempo de olhar pela janela e vê-lo pedalando feliz pelas ruas, parecia uma criança na bicicleta. Mas antes disso ele deixou o trenó perto de um poste e soltou as renas que corriam livres por um jardim próximo.
Depois disso tudo, eu e minha família fomos até a árvore para trocarmos os presentes e lá encontramos um bilhete do Seu Noel, que dizia o seguinte: “Nesse natal não quero camisa nova, sapato novo, calça nova. Nesse natal quero alma nova, mas tão nova que transfigure-se a cada pulsão de meu coração. Quero uma alma tão nova que seja como criança-cristo na manjedoura, trazendo em seu sorriso uma alegria constante de Vida.”
[Feliz Natal]

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