quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O menino nasceu cantando

Já deu meia-noite nas dobras de nosso coração...
O galo da artéria já cantou...
O cócóricó da Redenção chegou!!!


Na manjedoura delicada de nossa alma,
anunciada pela estrela de Belém de nosso espírito...

um menino...
           
  menino-gente...
              
                 menino-água...
               
     menino-fogo...
      
  menino-deus!


O verbo veio ao mundo...
Não veio para alguns...
Veio para todos...
               
              
    O menino nasceu cantando

                   
  Sua primeira palavra foi Amor!



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Um recado do bicho para a dona alma

"...erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal..." Clarice Lispector, in 'Perto do Coração Selvagem' 

Dona alma, é o seguinte, vou mandar uma direta pra senhora. Que história é essa de querer me controlar, me segurar, me amansar, me dominar, me ensinar, me doutrinar, me castrar? A senhora não sabe de nada! A senhora vem lá do alto, de onde a senhora chama de planos de luz, planos celestiais e outros desses nomes bonitos que a senhora desencanta não sei de onde, pra tentar me impressionar e se mostrar indiferente e superior a mim! Mas olha, eu rio, na verdade eu gargalho da sua pretensão, sabe... a senhora se diz tão sábia mas não tem a capacidade de me compreender. Eu, o bicho, possuo a sabedoria dos tempos, sou forjado a sangue e ossos, pele e tendões, em mim brotam os odores do tempo e os suores dos que passaram e se foram... eu lhe recebi em minhas entranhas dona alma durante tantas e tantas vezes que a senhora desceu do seu trono lá do alto... acompanhei suas lutas todas... tentei lhe mostrar como são as coisas... eu não sou teimoso como a senhora espalha por aí, a senhora que é teimosa e não aprende a ver a inocência de minhas pulsões. Eu farejo, dona alma, eu escuto cada ruído nos cantos escuros, onde a senhora tem medo de estar... meu rugido é pura alegria. Meu canto é selvagem dona alma e ser selvagem é ser como um rio de fluxo contínuo no coração da terra. Como a senhora acha que sobrevivi todos esses tempos e tempos? Me amando,  dona alma! Me acariciando! Tendo prazer!!! Desculpa, desculpa, fica calminha, amiga... amiga... calma... sempre que eu toco nessa palavra proibida... prazer... a senhora fica assim... tensa, nervosa, irritada... e aí como revanche quer me sacrificar, negar minha alegria sensual e natural... mas sabe que no fundo eu sinto compaixão da senhora, sério, compaixão... pois a senhora não está pronta... a senhora é um projeto... um devir, um vir a ser, um projeto para o futuro. Eu não! Eu tô pronto! Olha minhas garras, minhas unhas, olha minhas presas! Eu te estraçalho como quem rasga a vida! Eu sou agora! Eu sou o suor do presente! Eu tô vivo dona alma! Eu tô vivo! 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

O Senhor da Vida

Que o Senhor da Vida possa encontrar refúgio em nossa mente

Que o Senhor da Vida possa encontrar repouso em nosso coração

Que o Senhor da Vida possa encontrar ação em nossas mãos

Que o Senhor da Vida respire através de nossos pulmões

Que o Senhor da Vida sinta o gosto através de nosso paladar

Que o Senhor da Vida ouça melodias através de nossos ouvidos

Que o Senhor da Vida perceba as texturas através de nosso tato

Que o Senhor da Vida abra os olhos a cada vez que nossas pálpebras se abrirem

Que o Senhor da Vida possa nos chamar de homem, mulher, criança, velho, irmão, irmã, filho e pai.

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Texto inspirado pelas vias da faculdade mediúnica telepática, recebido agorinha, após uma experiência não muito fácil nos lados extrafísicos da vida. Retornei ao corpo meio tenso, então um querido mentor mudou minha vibração através desse texto. A experiência na carne não é fácil, mas vale a pena! Namastê.

domingo, 4 de outubro de 2015

Francisco, Francisco, Francisco

No meio da mata chamada Consciência... 

lá na floresta do Espírito...

Lá onde sussurram os cálidos ventos da Esperança...

Lá onde a voz da Mãe Verdade entoa seu Hino de Serenidade,

para além do tumulto exterior... protegida dos burburinhos

das agitações... lá está ela...

podemos intuí-la... podemos percebê-la... podemos acessá-


la...

lá está a Cristalina e Pura Fonte, cujas águas nascem no seio


da Terra Honestidade e se espalham formando um caudaloso 


rio...

rio que alimenta todas as margens por onde passa,


rio que traz a chave da bem aventurança, da bondade e do


amor autêntico que semeia frutos...


Esse é o Rio Humildade e os peixinhos que nele têm suas 


existências,

cantam em uma só voz, dia e noite:


Francisco! Francisco! Francisco!
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* Dedicado a todos os irmãos da Arca da Montanha Azul de ontem, hoje e amanhã.
Por inspiração de uma querida entidade amiga que chegou aqui pertinho na madrugada, e anonimamente, irradiou-me, interpenetrou seu campo áurico de luz ao meu e mostrou-me um pouquinho do que é uma vibração de luz e amor....... e como devemos ser.... amar e servir... sem olhar a quem e nem esperando frutos e reconhecimentos... só o mais puro Serviço dedicado ao Todo que está em Tudo! Ela se foi, a entidade amiga anônima, eu continuo aqui, agora é comigo... e com todos nós. Recebido em 21 de setembro de 2015

domingo, 19 de julho de 2015

A menina que levitava




O dia amanhecia na casa. O cheiro do café na mesa posta pela mãe invadia todos os cômodos e tinha um quê de convidar a todos a sentar-se ao redor da mesa e degustar essa maravilha dos deuses. Há tempos Joana aprendera a amar essa dádiva. Admirava seus grãos, mas principalmente seu aroma. Pensava que ao sorver um gole de café, estava honrando de certa forma a todo o povo escravo que com seu suor, deixou a marca nessa bebida quente e escura. 


O barulho na casa já era presente e a luz invadia o quarto de Joana sem pedir licença. O pai estava no banheiro, podia-se escutar seu Floriano fazendo o som característico de quem escova os dentes com pressa. O advogado teria um dia cheio no escritório, com certeza. Dona Luiza arrumava o irmão menor, Pedro, este iria com o pai até a escola.


“O armário está com poeira, as teias de aranha estão impregnando o ventilador do teto e precisamos trocar de vez essas cortinas amareladas” – pensava alto Joana. A primeira vez que a menina acordara levitando e presa ao teto do seu quarto já tinha mais de um ano. De lá pra cá poucas foram as vezes que este fenômeno ocorrera. Não se sabe o que acontecia, mas Joana simplesmente amanhecia assim, presa ao teto do quarto, num ato desconcertante, absolutamente intrigante, anulando toda a lei da gravidade. 


Na primeira vez que isto ocorreu, foi o caçula que a viu e saiu gritando “mãe, corre aqui, Joana tá no teto”. E foi um deus-nos-acuda, a família apesar de católica, sempre visitou o centro espírita do bairro. “Isso é obsessão” disse o doutrinador espírita ao ver a menina presa ao teto. Mas invocaram o espírito que poderia estar provocando tal fenômeno e nada. Joana continuou presa ao teto. E da mesma forma que foi vista no alto, logo depois a encontraram no chão. Disse simplesmente “o teto precisa urgente de pintura nova” e suspirou. Joana agia com a maior naturalidade, como se sua natureza mais profunda fosse o ato de levitar.


Tempos se passaram. Psiquiatras, psicólogos, padres exorcistas e até um xamã acupunturista! Garrafadas a menina tomou foi de tudo quanto é tipo. Até garrafada de pena de galinha com mastruz lhe enfiaram goela abaixo. E nada. Misteriosamente Joana continuava a amanhecer de vez em quando levitando, presa ao teto. E não descia enquanto estava sendo observada. Nunca a viram no momento em que subia e muito menos no que descia. Quando se davam conta ela já estava no alto e da mesma maneira logo após estava no chão. E não adiantava questioná-la sobre o fenômeno. Para ela era super natural. Mudava de assunto na hora.


Joana cresceu. Fez-se moça. E todos acostumaram com o fenômeno. Nem mais ligavam. Ao entrarem no quarto e vê-la no teto, já fechavam a porta. Sem palavras.


Essa noite antes de dormir Joana vai fazer novamente o seu ritual que a persegue desde criança. Amanhã de manhã provavelmente estará no teto novamente. O ritual consiste em abrir aleatoriamente alguma página de Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector e lê-la de uma só vez. Depois Joana coloca o livro sob o travesseiro. Nunca ninguém percebeu. 

A bruxa Clarice sempre enfeitiçando almas.













Dona Crise



Quando dona Crise toca a campainha corro abrir a porta. Há quem tenha medo dessa velha. Dizem até que é afeita ao péssimo hábito de furtar coisas alheias. Eu, quanto a isso, nada posso dizer, a não ser que, desde que dona Crise passou a fazer faxinas na minha casa, não tenho do que reclamar. Não perco a chance de trocar um dedinho de prosa com dona Crise.

Tomo café com a velha sempre, coitadinha. 

Dona Crise mora longe e não traz sua marmitinha, segundo a própria, pois não dá tempo, já que antes de bater na porta da minha casa, já passou por muitas outras: ela não pára a danada... então eu mesmo faço um café com bolo e a gente senta na sala, lógico, o lugar principal da casa e batemos um papo legal, parecemos amigos de infância.

Não bem termina de tomar o café, dona Crise, que não perde tempo, vai remexendo com tudo, abre todas as gavetas, que costumam estar cheias de traças e quinquilharias que a gente adora guardar, né? Posso dizer que não fica nada sem que a anciã coloque sua mão.  Dona Crise até muda os móveis de lugar e quando está muito atacada, a velha incansável até pinta as paredes!

Uma coisa é certa, a casa fica brilhando!!!

Como é mesmo necessário o serviço prestado por dona Crise. 

Dona Certeza

Esse é o quintal da dona Certeza.  
Reparem como a grama está alta e feia. 
Mas dona Certeza construiu um muro cinza e 
rabugento e ninguém mais entra nesse feio quintal onde
guarda o seu minúsculo mundo... suas "coisinhas".
No quintal de dona Certeza tem espaço até para seu "deus pessoal", 
afinal de contas, lógico, o "deus pessoal" de D. Certeza é melhor e 
mais poderoso que todos os demais deuses.
Mas no fundo o que dona Certeza tem vontade mesmo é de pegar uma marreta 
e quebrar o muro todo... estraçalhar o cimento... tijolo por tijolo...
e ir brincar na amplidão de um
mundo sem muros.... 

          ...como é tolinha a dona Certeza.

domingo, 12 de julho de 2015

A caixa de vidro de nossas ilusões

Joana chorava atônita...
Seu choro era o grito na garganta de
Quem se sente presa numa caixa de vidro....
Joana tentava agonizantemente quebrar
A redoma com seu choro... vibrar o seu choro
até romper em cacos a caixa... Joana já não
tinha mãos e braços livres... estes estavam
presos por cordas invisíveis...

Joana não estava só... haviam outros
na caixa... mas estes pareciam não a ver...
Dançavam hipnóticamente ao som
de tambores interiores, absortos em
deleites hedonistas travestidos do
mais puro êxtase espiritual

Fora da caixa alguns seres olhavam
a agonia de Joana... e tentavam transmitir-lhe
serenidade... sete seres  cercavam a caixa como guardiões.
Eles estavam com Joana... se viam em Joana como
se fosse com eles mesmos o ocorrido...


Como ela fora parar ali? Que mãos invisíveis
foram estas capazes de ali a colocar?
Joana como que do nada despertara ali... naquela situação
Complexa...
Juntar-se a dança hipnótica ou quebrar o vidro?
Mas como quebrar?
Se tivesse pelo menos um machado... um machado
justo e incólume onde pudesse apoiar seu pulso
e numa firmeza que é da ordem do sagrado estilhaçar
de uma só vez a caixa de vidro.....

Joana volta-se para dentro de si.... o choro cessa....
Respira.... sorri internamente.... a dança hipnótica
já não mais produz seu efeito... 
todos agora estavam sentados em silêncio...
Joana convertera-se no próprio machado....
um machado cujo cabo de madeira traz talhada
a palavra honestidade.
A caixa havia sido rompida.
E os céus tinham descido.



segunda-feira, 29 de junho de 2015

Minha camisa é camisa de União

.
Visto a simbólica camisa branca, da totalidade, da união de todas as cores e tradições... essa camisa é feita do mais puro algodão do coração de amor da Cruz redentora de Jesus... e bordada com a linha do desapego meditativo do Lótus de Buda... as águas que lavam essa camisa são as águas de alfazema de Mãe Yemanjá, que perfuma os mares para Mãe Maria navegar... essa camisa traz escrito em letras douradas um mantra de Krishna, que canta hosanas de mãos dadas com Pai Oxalá... nessa camisa cabem os queridos Pretos Velhos, Caboclos e Crianças... mas também os Guardiões Xamãs e os trabalhadores Exus da Lei... com essa camisa Osíris e Ísis abrem o salão da grande pirâmide para os Iniciados no Amor além das formas... Essa camisa é uma túnica para adentrarmos na única religião autêntica que chama-se Amor e Respeito.... nessa camisa está impresso o selo da Unidade na Diversidade! 
Somos todos Um.

O milho de Oxossi


Temos no milho uma das principais oferendas para o Orixá Oxossi...

O sabugo representa nosso esqueleto, nossa base de sustentação, nossos pés que devem estar firmes no solo, na terra. O sabugo como “esqueleto” nos lembra que somos também “caveiras” e que ao pó voltaremos, sem os revestimentos da carne e pele que o tempo levará, por isso, aproveitemos o Senhor Tempo. O sabugo pode ser associado ao corpo físico.

Os grãos do milho são nossas emoções. Cada grão uma qualidade de emoção, umas mais duras, outras mais macias. Devemos “cozinhá-las” na sabedoria da água-meditação para que estejam no ponto. Se cozinharmos pouco, os grãos-emoções ficarão duros, secos, ásperos. Mas se passarmos do ponto no cozimento, os grãos, assim como nossas emoções derreterão de tão moles e virarão uma pasta mal digerida em nosso interior. Os grãos portanto representam o corpo emocional ou corpo astral (ou psicossoma, perispírito).

As folhas verdes que revestem o milho é a “capa mental” que nos envolve. Onde estiver nossa mente, estará nosso coração e por conseguinte, estará nosso ser. Folhas com cores vivas, indicam que estamos renovando sempre nossos pensamentos na sabedoria do novo e as folhas ressecadas são nossos pensamentos estagnados. Para que essa capa esteja sempre verdinha, precisamos adubar nossos pensamentos com otimismo e estudos espirituais que visem o bem coletivo e a expansão salutar das consciências. As folhas representam o corpo mental.



Intuído espiritualmente na madrugada de 24/01/15.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

O Exu Interior

Cada homem traz um Exu dentro de si. O Exu é o ser que melhor conhece as sombras, portanto nada se esconde dele. O Exu conhece as grutas e a ilusão, conhece muito bem uma miragem, uma enganação, uma enrolação. O Exu é capaz de perceber, de farejar o cheiro de uma armadilha, pois conhece os desfiladeiros e os abismos dos desejos e das fissuras que nos prendem na roda quase infinita da agonia.

O verdadeiro Exu,  aquele que tem outorga,  aquele que trabalha sob a égide de Ogum e Oxalá, sob os preceitos de Aruanda, é um Exu de Lei, um Exu Coroado,  ou seja,  é um agente da Luz para as sombras. Ele é capaz de chegar a vales sombrios inacessíveis a seres mais sutis, mas ao mesmo tempo é capaz de resgatar e trazer à luz seres que se arrastam nesses charcos, portanto, os autênticos Exus, são seres infinitamente respeitados nas esferas do Alto e não há Preto Velho ou Caboclo que não peça licença ao adentrar os domínios vibratórios de Exu.

Podemos ver nisso algo simbólico também, mais subjetivo e interior. Podemos pensar em Exu, ou qualquer outra entidade espiritual como algo interno, inerente a nosso ser. Nessa perspectiva, nossos Mentores Internos,  nossos Eus Superiores, nossos Pretos Velhos Interiores e Caboclos Interiores devem pedir licença a nosso Exu Interior para  adentrar  nas grutas e abismos  de nosso ser. E ir até essas sombras com a tocha da luz da consciência nas mãos.

Que o nosso Exu Interior possa estar sempre vivo e alerta nas encruzilhadas dos nossos corações, lá onde somos testados, lá onde fervem nossas emoções, lá onde brota a ira, a raiva e os desejos insaciáveis. Que nessas encruzilhadas internas de nossos corações possamos depositar as oferendas para nossos Exus Interiores e pedir que Exu transforme toda agonia em prosperidade, em construção sadia, em caminhos abertos sempre.

E essas oferendas são:  Um alguidar límpido contendo flores de nossa alma e sobre essas flores o nosso coração,  sincero e honesto. Também depositaremos uma grande vontade de transformação e entrega ao serviço em prol de todos os seres. Exu dará uma gargalhada de esperança e dançará de alegria na batida do tambor do nosso coração.

Que nossos caminhos estejam sempre abertos por Exu. O do astral e o do Interior.

Laroyê!

Marcelo Galvan,
discípulo do todo, por inspiração dos queridos mentores, com respeito a todas as falanges que trabalham na Luz, mesmo sendo incompreendidas.


Nota:
Antes de pensarmos em “doutrinar Exu ou doutrinar Pomba-Gira” que baixem no terreiro, devemos nos perguntar com sinceridade:  “E o meu Exu Interior está devidamente doutrinado?” “E minha Pomba-Gira Interior, está devidamente doutrinada?”... Até que ponto estou investigando e iluminando as sombras presentes em mim e colocando-as à serviço da Luz, para a Luz....???

domingo, 31 de maio de 2015

Palavra de Vida

Vai palavra. Perambula por aí. Bate em cada porta que encontrar. Dobra por todas as esquinas. Entra em cada estabelecimento, em cada casa. Vai palavra, vai sem medo.
Toca corações. Sussurra nos ouvidos. Canta hosanas nas horas de agonias. Chora junto se preciso for ao encontrares corações partidos. Chora junto, mas alivia também. Sê total. Sê inteira ao encontrares com cansados viventes do mundo de ranger de dentes. Vai palavra, não te demores em rodeios desnecessários. Mitiga a fome de contato e segue antes que te tornes corrupta e vil. Vai palavra e não bajules, pois sangue é a saliva que escorre do verbo bajulador. Vai palavra, vai sempre. Sê semente. Sê terra, adubo e água. Vai palavra e sê menino, menina, homem, mulher, pedra, bicho. 
Vai palavra. Sê mundo.
Sê vida.
Sê tudo.
Sê nada.

Meu canto é de Alegria!!!

Meu canto não é de tristeza! Nunca foi!
Meu canto é de Alegria!
Da mais fulgurante Alegria, dessas com A bem maiúsculo.
Mas eu, rato de vida que sou,
de bobo nada tenho e gosto de
perambular por aí, pelas
sarjetas de um boêmio bairro
chamado Coração, a disfarçar minha Alegria
como se ela fosse tristeza. E com ela, a Alegria,
bem escondida e camuflada, para que apressados
viajantes da ilusão não a levem,
com ela escondida debaixo de minha camisa
feita de pele, eu saio da toca chorando
lágrimas e lágrimas e lágrimas...
Tolinhos, idiotas, como eu rio da cara
de vocês seus covardes!
No fundo estou a gargalhar!
Meu canto é de Alegria!!!

Para meu amigo Thiago Cosenza, 02/12/14