Quando dona Crise toca a campainha corro abrir a porta. Há quem tenha medo dessa velha. Dizem até que é afeita ao péssimo hábito de furtar coisas alheias. Eu, quanto a
isso, nada posso dizer, a não ser que, desde que dona Crise passou a fazer
faxinas na minha casa, não tenho do que reclamar. Não perco a chance de trocar
um dedinho de prosa com dona Crise.
Tomo café com a velha sempre, coitadinha.
Dona Crise mora longe e não traz sua marmitinha, segundo a própria, pois não dá tempo, já que antes de bater na porta da minha casa, já passou por muitas outras: ela não pára a danada... então eu mesmo faço um café com bolo e a gente senta na sala, lógico, o lugar principal da casa e batemos um papo legal, parecemos amigos de infância.
Não bem termina de tomar o café, dona Crise, que não perde tempo, vai remexendo com tudo, abre todas as gavetas, que costumam estar cheias de traças e quinquilharias que a gente adora guardar, né? Posso dizer que não fica nada sem que a anciã coloque sua mão. Dona Crise até muda os móveis de lugar e quando está muito atacada, a velha incansável até pinta as paredes!
Uma coisa é certa, a casa fica brilhando!!!
Como é
mesmo necessário o serviço prestado por dona Crise.
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