domingo, 12 de julho de 2015

A caixa de vidro de nossas ilusões

Joana chorava atônita...
Seu choro era o grito na garganta de
Quem se sente presa numa caixa de vidro....
Joana tentava agonizantemente quebrar
A redoma com seu choro... vibrar o seu choro
até romper em cacos a caixa... Joana já não
tinha mãos e braços livres... estes estavam
presos por cordas invisíveis...

Joana não estava só... haviam outros
na caixa... mas estes pareciam não a ver...
Dançavam hipnóticamente ao som
de tambores interiores, absortos em
deleites hedonistas travestidos do
mais puro êxtase espiritual

Fora da caixa alguns seres olhavam
a agonia de Joana... e tentavam transmitir-lhe
serenidade... sete seres  cercavam a caixa como guardiões.
Eles estavam com Joana... se viam em Joana como
se fosse com eles mesmos o ocorrido...


Como ela fora parar ali? Que mãos invisíveis
foram estas capazes de ali a colocar?
Joana como que do nada despertara ali... naquela situação
Complexa...
Juntar-se a dança hipnótica ou quebrar o vidro?
Mas como quebrar?
Se tivesse pelo menos um machado... um machado
justo e incólume onde pudesse apoiar seu pulso
e numa firmeza que é da ordem do sagrado estilhaçar
de uma só vez a caixa de vidro.....

Joana volta-se para dentro de si.... o choro cessa....
Respira.... sorri internamente.... a dança hipnótica
já não mais produz seu efeito... 
todos agora estavam sentados em silêncio...
Joana convertera-se no próprio machado....
um machado cujo cabo de madeira traz talhada
a palavra honestidade.
A caixa havia sido rompida.
E os céus tinham descido.



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